PLOA é “otimista demais” e conta com alto risco de frustração

Economista da Tendências analisa texto apresentado ao Congresso

Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Por Simone Kafruni e Sheyla Santos

As projeções de crescimento da receita do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2024, protocolado nesta quinta-feira (31) no Congresso, são otimistas e correm alto risco de frustração, na opinião do sócio e economista sênior da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto, que conversou hoje com a Mover.

“É uma proposta que coloca o ajuste fiscal em uma dependência muito grande do aumento de receita”, disse. De fato, segundo as projeções do PLOA o aumento de receita de 2023 para 2024 é de quase R$500 bilhões. “O próprio ministro [Fernando Haddad (PT), da Fazenda] admitiu que serão necessários R$168 bilhões extras para atingir a meta fiscal zero”, destacou.

Para o especialista, colocar toda a dependência das contas públicas em cima da arrecadação é um “risco enorme” “Só é possível manter meta fiscal de zero com medidas legislativas ainda em curso, como a tributação dos fundos exclusivos, das offshores, projeto das apostas. Nada garante que isso seja factível”, opinou.

Campos Neto ressaltou haver muita incerteza no mercado por conta do PLOA. “O ministro ainda falou que as projeções são conservadoras, mas ajuste fiscal se faz com corte de gastos. Não à toa, o mercado está apreensivo e os ativos domésticos, pressionados por essa grande dúvida do governo.”

A projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do governo para 2024 também foi considerada muito otimista. Segundo os indicadores macroeconômicos do PLOA, a alta do PIB estimada para o ano que vem é de 2,3%. Aos olhos de hoje, está acima do que o mercado avalia, o que aumenta o risco de frustração da meta”, completou.

Segundo o boletim Focus da última segunda-feira (28), a projeção do mercado para o PIB em 2024 é de 1,33%. Portanto, o governo aposta em 1 ponto percentual a mais do que a média calculada pelas 100 maiores instituições financeiras do país que compõem o boletim.