Por Erick Matheus Nery, com informações da Reuters
O hacker Walter Delgatti Neto, que encontra-se preso atualmente por ter invadido os sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foi condenado nesta segunda (21) a 20 anos e um mês de prisão pele interceptação ilegal de conversas dos integrantes da finada Operação Lava Jato.
Ao todo, o juiz federal substituto da 10ª Vara de Justiça do Distrito Federal Ricardo Augusto Soares Leite considerou Delgatti culpado dos crimes de invasão de dispositivos eletrônicos alheios, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
“Seus ataques cibernéticos foram direcionados a diversas autoridades públicas, em especial agentes responsáveis pela persecução penal, além de diversos outros indivíduos que possuem destaque social, bastando verificar as contas que tiveram conteúdo exportado”, escreve o juiz na decisão obtida pelo Faria Lima Journal (FLJ).
Quatro pessoas que atuaram junto com Delgatti nos crimes cibernéticos também foram condenadas neste processo, que é oriundo da Operação Spoofing, deflagrada em 2019 pela Polícia Federal com o objetivo de investigar a invasão e interceptação de mensagens de Sérgio Moro e de demais autoridades envolvidas na Lava Jato no aplicativo Telegram.
Essas mensagens foram o centro do episódio conhecido como Vaza Jato, o vazamento de documentos que desmoralizaram grande parte dos trabalhos do juiz Sergio Moro e abriram caminho para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saísse da cadeia e recuperasse seus direitos políticos.
Atualmente, Delgatti encontra-se preso por causa da operação que apura a suspeita de que ele teria sido pago pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para invadir o sistema do CNJ. Por essa última acusação, ele ainda não foi julgado. Procurada pela Reuters, a defesa de Delgatti não respondeu de imediato a pedido de comentário.
Na semana passada, o hacker disse à CPI mista do 8 de janeiro que o então presidente Jair Bolsonaro lhe ofereceu um indulto em troca de colocar em dúvida a lisura das urnas eletrônicas e de assumir a autoria de um suposto grampo telefônico contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. A defesa de Bolsonaro negou irregularidades e disse que iria mover uma queixa-crime contra o hacker.