Por Simone Kafruni
O Congresso Nacional intensificou os debates sobre a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre as invasões à Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro, mas ainda não há acordo para definição de relator ou presidente, disse o deputado Lindbergh Farias (PT), em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira, no Salão Verde da Câmara dos Deputados.
Farias e os deputados petistas Pedro Uczai e Rogério Correia tentaram emplacar a narrativa de que o governo terá presidência e relatoria da CPMI, porque tem maioria tanto no Senado, quanto na Câmara dos Deputados. Também alegaram ser falsa a afirmação de que o autor do requerimento tem essa prerrogativa. “Isso não existe”, disse Farias.
Além disso, os deputados argumentaram que os regimentos das duas Casas Legislativas não permitem que parlamentares votem em assuntos de interesse pessoal e o autor do requerimento, deputado André Fernandes (PL), é investigado por participação ativa nos atos de 8 de janeiro.
“Nós temos ampla maioria. No Senado, já temos nomes experientes como Renan Calheiros (MDB), Omar Aziz (PSD) e Randolfe Rodrigues (Rede) que poderão ocupar um dos cargos”, afirmou. Contudo, relatoria e presidência serão alternadas, portanto se uma ficar com o Senado, a outra fica com a Câmara dos Deputados.
Farias colocou nos seus cálculos como governistas, além da própria federação PT/PSB/PCdoB, o recém-formado Blocão majoritário, com 173 deputados e duas prováveis filiações, e o bloco liderado por Isnaldo Bulhões (MDB), com 142 deputados.
“Ainda não há acordo, mas tudo indica que teremos maioria”, disse, após ser questionado pela Mover se a afirmação de que presidência e relatoria ficariam com o bloco governista era oficial ou apenas a vontade do governo. “As lideranças do governo no Congresso ainda estão negociando”, admitiu.