Clima entre Lula e Centrão azeda com disputa por presidência da Caixa

Rita Serrano afirma que permanecerá e Lira promete obstrução

Agência Câmara
Agência Câmara

Por Simone Kafruni e Machado da Costa

Durante o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) nesta quarta-feira em Brasília, Rita Serrano, presidente da Caixa Econômica Federal, anunciou que recebeu orientações diretas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para continuar à frente do banco público. Esta decisão não só a fortalece, mas também tensiona a relação entre o Executivo e o Centrão. A postura de Serrano foi interpretada como um sinal de apoio do Palácio do Planalto diante das pressões do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), em relação ao controle da Caixa.

Lira convocou uma reunião de líderes para as 17h de hoje para discutir a possível obstrução dos trabalhos na Câmara. Fontes próximas ao presidente da casa legislativa indicam que a resistência do governo em ceder a gestão da Caixa e das vice-presidências ao Centrão é o principal motivo desta retaliação.

Em termos técnicos, os líderes partidários decidirão sobre a obstrução da pauta na Câmara com base em um abaixo-assinado que se opõe à rejeição da tese do marco temporal no Supremo Tribunal Federal. A decisão da suprema corte na semana passada desagradou o Centrão, a bancada ruralista e diversas outras associações internas da Câmara. Além do PL e do Novo, 18 frentes parlamentares também subscreveram o manifesto.

Conforme abordado pela Mover ao longo deste ano, Lira tem pressionado por uma maior participação no governo, inclusive indicando Margarete Coelho (PP), deputada e ex-governadora do Piauí, para assumir o comando da Caixa. A troca de apoio por nomeações tem sido o ponto central da relação entre Lira e Lula, que agora apresenta um novo desgaste.

Na última segunda-feira, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), destacou dois temas prioritários do Executivo em trâmite na Câmara: um projeto de lei que viabiliza a emissão de debêntures incentivadas por concessionárias de serviços públicos e o marco das garantias. Padilha havia estabelecido como meta a votação dessas duas pautas até o final de outubro.

No entanto, devido à tensão entre o Executivo e a Câmara, esse cronograma pode sofrer alterações.

Esta reportagem foi publicada inicialmente pelo TC às 14h07min. Para ter acesso a conteúdos como esse com exclusividade, assine um dos planos do TC.