Por: Gabriel Ponte
As chances de o Banco Central realizar cortes da Selic acima ou abaixo de 50 pontos-base no atual ciclo de afrouxamento monetário são baixas, afirmou o presidente da autoridade, Roberto Campos Neto, nesta quinta-feira.
“O que a gente quis dizer, na ata [da última reunião do Comitê de Política Monetária], é que a barra é alta para fazer alguma coisa acima ou abaixo de 50 pontos-base”, disse ele em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, criador, repórter e diretor de redação do jornal digital Poder360.
Campos defendeu também que não houve nova divergência na reunião do Copom deste mês, mas sim uma discordância herdada da reunião anterior, de junho. Ele voltou a afirmar que cortes de 0,50 ponto percentual são “apropriados” no ciclo de afrouxamento monetário.
Questionado sobre as críticas que o BC vem enfrentando do Poder Executivo, Campos afirmou nunca ter pensado em renunciar ao posto de presidente da autarquia. “Uma eventual renúncia colocaria em risco o avanço institucional [da autonomia do BC]”, afirmou.
De acordo com Campos Neto, os investidores têm observado, no atual momento, o sucesso no caminho para o equilíbrio da contas, mesmo que, eventualmente, a equipe econômica não zere o déficit público, conforme prometido para o ano de 2024.
O presidente do BC disse ter conversado apenas uma vez com o presidente Lula, ainda na transição, no final do ano passado. Sempre que pode, Lula desfere duras críticas a Campos Neto. Uma das mais comuns é a de presidente do BC “não conhece o Brasil”. Na entrevista ao Poder360, Campos Neto disse estar “à disposição” de Lula para um segundo encontro.