Por Simone Kafruni
O deputado Cláudio Cajado (PP), confirmado nesta quinta-feira relator do arcabouço pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), disse que está aberto para receber opiniões e emendas ao Projeto de Lei Complementar do novo marco fiscal. “Se formos alterá-lo, será para melhorar o texto”, afirmou hoje, em coletiva de imprensa, no Salão Verde, da Câmara dos Deputados.
O relator, no entanto, não quis antecipar se a ideia é tornar as regras fiscais, consideradas muito flexíveis pelo mercado, mais rígidas. “Neste momento, não posso dizer se vamos endurecer o texto. Há momentos em que são necessárias políticas governamentais anticíclicas, como ocorreu durante a pandemia”, ressaltou.
Ontem, quando o Scoop antecipou o nome de Cajado como relator, afirmou que ele deverá endurecer as novas regras fiscais em seu parecer, mas em menor medida do que seu concorrente à vaga, o deputado Fernando Monteiro (PP), que vinha prometendo a colegas mudanças ainda maiores do projeto encabeçado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
Cajado evitou falar do mérito do arcabouço, mas adiantou que abriu sua agenda para receber representantes da sociedade civil, parlamentares e governo para conseguir costurar as alterações no projeto em apenas três semanas, tempo previsto para o relatório estar pronto e ser votado. “Estou à disposição para que o projeto avance rapidamente. O presidente Lira quer aprovar até 10 de maio”, reforçou.
Segundo ele, existem excepcionalidades no texto que já estão na Constituição e outras que foram acrescidas. “Vamos estudar o projeto e analisar os parâmetros para fazer o relatório”, destacou.
Ao ser indagado se o marco fiscal é baseado apenas na projeção de um aumento da arrecadação superestimado pelo Ministério da Fazenda, o relator afirmou que o texto trata do controle de gastos, com balizamento a partir da receita. “Tem um teto de gastos, não pode passar de 70% do crescimento da receita. Mas o governo terá que fazer um esforço para conseguir o aumento de receita”, reconheceu.
Cajado disse, ainda, que, se a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro for instalada, não comprometerá a tramitação do arcabouço. “Teremos de conviver com outros assuntos. O marco fiscal é prioridade para podermos avançar na Reforma Tributária e na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias”, completou.