Por: Machado da Costa
Brasil e China publicaram uma longa declaração conjunta após os encontros entre autoridades dos dois países nesta sexta-feira. Entre os diversos temas destacados, estão o memorando de entendimento entre os países para estudarem a adoção do uso de moeda local nas transações comerciais e avanços na certificação de produtos de origem animal, além de acordos fitossanitários.
Segundo o comunicado publicado no fim da manhã de hoje pelo Itamaraty, os países anunciaram a assinatura do memorando com “satisfação” e disseram que vão acelerar os diálogos para fortalecer o comércio bilateral em moeda local. Adicionalmente, disseram que trabalharão em conjunto para aumentar a corrente de comércio.
No campo dos investimentos, Brasil e China afirmaram que irão buscar oportunidades “em particular nas áreas de infraestrutura, transição energética, logística, energia, mineração, agricultura e indústria, sobretudo de alta tecnologia”. Um memorando de entendimento também foi assinado para a “promoção do investimento industrial e cooperação”.
Os dois temas são importantes avanços em relação a agendas caras do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao longo das últimas semanas, o presidente defendeu o uso do real e do yuan para diminuir a dependência do dólar, além de tentar fechar o acordo para a instalação de uma fábrica da BYD, uma montadora chinesa de carros elétricos, nas antigas fábricas da americana Ford no Brasil.
Apesar de o comunicado demonstrar alto grau de entendimento entre Lula e o congênere chinês, Xi Jinping, esses dois anúncios não puderam ser feitos e ficaram no diplomático “memorando”.
AGRONEGÓCIO
O comunicado dedica importantes parágrafos para o setor agropecuário. O texto cita desde a promoção de pesquisas científicas nos dois países, em campos como ciência, tecnologia e inovação, até o desenvolvimento da agricultura sustentável e de baixo carbono.
Segundo o texto, os países concluíram um plano de trabalho sobre certificado eletrônico para produtos de origem animal e se comprometeram a seguir com negociações de um plano de trabalho sobre certificado eletrônico fitossanitário.
Os países também anunciaram que irão desenvolver cooperação técnica para prevenir e controlar a gripe aviária, “incluindo a discussão do requisito de país livre de influenza aviária”. A China manifestou estar disposta a reforçar o intercâmbio sobre a prevenção e controle da gripe aviária, enquanto o Brasil reforçou o compromisso com medidas de prevenção e controle para continuar com o status livre de influenza aviária.
A China também disse estar disposta a acelerar o processo de avaliação de risco da zona livre de febre aftosa brasileira. O Brasil, assim, comprometeu-se a convidar, o mais cedo possível, as autoridades chinesas para realizar as avaliações “in loco”. “As duas partes promoverão em conjunto os trabalhos de avaliação e reconhecimento relativos”, diz o comunicado.
Os países reconheceram, por fim, os esforços das agências de ambos os lados para retomar as exportações brasileiras de carne bovina, que foram suspensas no fim de fevereiro e retomadas no fim de março.