Bradesco pode reduzir sinistralidade e elevar lucro em seguros com fatia no Grupo Santa, diz BBA

Analistas comentam compra de fatia da associação hospitalar

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Por Ana Luiza Serrão

A compra de 20% do Grupo Santa Lúcia, associação hospitalar que atua na região Centro-Oeste do Brasil, pelo Bradesco Seguros pode ajudar a reduzir o alto índice de sinistralidade da empresa, estimado em 93%, e aumentar o lucro líquido do banco em consequência, de acordo com relatório do Itaú BBA.

“Cada redução de 100 pontos-base na sinistralidade aumenta o lucro líquido do Bradesco em R$200 milhões por ano”, projeta a equipe, que vê o movimento como uma possível retaliação do banco após a Rede D’Or ter adquirido a rede SulAmérica no ano passado.

Além de um acordo vantajoso para ambas as empresas, a ação tem potencial de ser transformadora para o setor, visto que o Bradesco pode empreender iniciativas semelhantes com outros grupos hospitalares, como o Mater Dei. “Isso poderia representar um risco para grupos hospitalares listados como a Rede D’Or”, diz o BBA.

O banco de investimentos estima ainda que a seguradora do Bradesco desembolsou um valor entre R$800 milhões a R$1 bilhão para fechar o negócio. “O ângulo estratégico é tentar reduzir a MLR [sinistralidade] para a base atual e adicionar clientes na região com um produto mais competitivo”, cita.

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), citada no relatório, os 1.350 leitos do Grupo Santa correspondem a cinco vezes mais do que o necessário para atender 267 mil beneficiários do Bradesco no local, e o capital adicionado na transação deve expandir o atendimento a novas regiões.

O Grupo Santa já havia fechado uma parceria comercial com a Oncoclínicas há alguns meses, o que pode, agora, fortalecer a colaboração entre o maior grupo dedicado ao tratamento de câncer na América Latina e o segundo maior banco privado do Brasil, afirmam os analistas do Itaú BBA.

O Bank of America também vê a aquisição positiva para a Oncoclínicas. “Acreditamos que esse movimento abre espaço para que a Oncoclínicas desenvolva um relacionamento mais próximo com o Bradesco, o que eventualmente poderia resultar em um volume maior de pacientes para a Oncoclínicas”, pontua.

Por volta das 14h05, as ações preferenciais do Bradesco subiam 0,54%, a R$15,03, enquanto o Ibovespa operava em alta de 1,49%, a 117,4 mil pontos. Já a Oncoclínicas avançava 3,64%, a R$12,54, no momento.