Bolsas recuam com deflação na China e à espera de dados de inflação nos EUA; DIs curtos e dólar caem

Confira a movimentação do mercado nesta quarta (9)

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Por Luca Boni e Fabricio Julião

O Ibovespa seguia operando em queda, dando continuidade às perdas dos dias anteriores. Investidores reagem novamente a dados da economia chinesa e às vendas no varejo no Brasil, enquanto avaliam uma série de resultados corporativos e aguardam os novos dados de inflação nos Estados Unidos.

Por volta das 12h10 desta quarta (9), o Ibovespa operava em queda de 0,73%, aos 118.225 pontos. O volume de negócios projetado para a sessão é de R$19,4 bilhões, acima da média de 50 pregões.

Segundo o diretor de Research da Quantzed, Leandro Petrokas, a falta de novos gatilhos para valorização das ações e a expectativa da divulgação de dados do inflação (CPI) dos Estados Unidos sugerem cautela por parte do mercado.

Na Ásia, os principais índices fecharam sem direção definida, após a divulgação do índice de preços ao consumidor na China, que mostrou deflação ano contra ano de 0,3% em julho. Apesar de mostrar controle nos preços na economia, o indicador gera algumas preocupações em relação à demanda mais fraca no país asiático.

Por aqui, os investidores digerem os dados de vendas no varejo, divulgados nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados ficaram estáveis em junho na base mensal, abaixo do consenso de alta de 0,40%. Na comparação anual, em contrapartida, as vendas avançaram 1,30%, ante expectativa de 0,35%.

No âmbito corporativo, a maioria das “blue chips” operam no campo negativo, caso das PN do Itaú, da Itaúsa e do Bradesco, que recuam 1,85%, 2,28% e 1,36%, entre as maiores detratoras do Ibovespa. As ON da CVC, da Petz e as PN da Azul cediam 5,60%, 5,56% e 4,85%, respectivamente, e registram as maiores quedas percentuais do índice.

As ações da CVC são destaque na sessão, após a empresa informar que registrou prejuízo líquido de R$167 milhões no segundo trimestre, próximo ao estimado pelo TC Consenso, de R$176 milhões. A empresa sofreu impacto do menor “take rate”, isto é, o percentual da receita líquida sobre as reservas, no Brasil e Argentina, além de custos para readequações movidas pela nova gestão.

Na ponta oposta, entre as maiores altas, destaque para as ON da Eletrobras que reverteram as perdas e subiam 0,92%, em meio a uma matéria do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, que diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decidiu incluir a obra da usina nuclear angra 3 no novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A informação já havia sido veiculada pelo Scoop by Mover.

As ON da 3R Petroleum avançam 1,22%, após divulgar lucro de R$79 milhões no segundo trimestre, alta de quase 150% em base anual e de 393% frente ao trimestre anterior, após assumir o Polo Potiguar em junho.

JUROS

As taxas de contratos dos juros futuros operavam sem direção única nesta quarta-feira. A ponta curta da curva caía em razão da precificação de cortes da Selic de 50 pontos-base no horizonte, com a situação econômica mundial no radar. Já os vértices longos subiam após dados de vendas no varejo acima do esperado no comparativo anual. 

Por volta das 12h15, os DIs com vencimentos em Jan/24 e Jan/25 caíam 1,0 ponto-base e 3,5 pbs, respectivamente, a 12,45% e 10,41%. O miolo da curva oscilava perto da estabilidade, com o DI Jan/27 em leve baixa de 1,0 pb, a 9,97%. Já as taxas dos contratos para Jan/31 e Jan/33 subiam 4,0 pbs, a 10,74% e 10,86%, na mesma ordem. 

Na agenda interna, pesam os dados de vendas do varejo, que mostraram estabilidade na base mensal e que frustraram o consenso. No exterior, agentes financeiros seguem de olho na situação da atividade econômica chinesa, cuja retomada pós-Covid vem decepcionando desde o início do ano. 

Agora, a grande expectativa na cena local fica por conta da divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, que será divulgado na sexta-feira. O indicador deve refletir a volta integral da cobrança do PIS/Cofins nos combustíveis e indicar o nível do setor de serviços do país, que deve balizar as futuras decisões do Banco Central sobre a taxa de juros. 

EXTERIOR

As bolsas operavam sem direção definida em Wall Street, com investidores se preparando para a tão aguardada divulgação dos dados de inflação ao consumidor e ao produto, entre amanhã e sexta, em meio a um dia de agenda econômica esvaziada nos Estados Unidos.  

Os dados podem orientar as perspectivas para os próximos passos do Federal Reserve em relação à condução da política monetária.

Perto das 12h10, o Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq 100 recuavam 0,17%, 0,43% e 1,13%, respectivamente. Os Treasury yields de dez anos operavam em queda de 2,8 pontos-base, a 4,000%, e os de dois anos – mais sensíveis à política monetária – tinham alta de 1,0 pb, a 4,766%.

“Os investidores estão focados em saber se a inflação está ou não caindo de forma rápida o suficiente para permitir que o Fed interrompa o ciclo de aperto monetário”, disse Bill Merz, chefe de pesquisa de mercado de capitais do US Bank Wealth Management em entrevista à CNBC. “O indicador tem desacelerado, mas ainda está muito alto e o Fed está em uma encruzilhada”.

CÂMBIO

O dólar operava perto da estabilidade ante o real nesta sexta-feira, em leve alta. Por um lado, a aversão ao risco refletida nas bolsas americanas e no Ibovespa pressionavam a taxa de câmbio. Por outro, a surpresa positiva nos estoques de petróleo EIA e a alta do Brent – de 1,61%, cotado a US$87,58, perto das 11h45 – favoreciam a moeda brasileira.

Perto de 12h15, o dólar à vista subia 0,12%, a R$4,9055, enquanto o futuro avançava 0,08%, a R$4,927. 

A moeda americana chegou a abrir em queda diante do real, oscilando desde o início da sessão perto da estabilidade. No exterior, o dólar americano tinha desempenho misto, depreciando perante 12 de 22 moedas acompanhadas pela Mover. O Índice DXY recuava 0,12% no mesmo horário, aos 102,416 pontos.