Por Marcio Aith
O Banco Central já admite mudar o regime de metas de inflação, abolindo o prazo anual, chamado de ano calendário, para que a meta seja atingida. A apuração é do Faria Lima Journal (FLJ). Meta de inflação é um sistema em que o Banco Central estabelece uma meta para a inflação e utiliza instrumentos de política monetária para alcançá-la. Atualmente, a meta é definida em termos de variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o ano calendário.
A discussão em andamento decorre de um pedido do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O argumento usado foi o de que a inflação pode ser influenciada por fatores sazonais, como as variações nos preços de alimentos e combustíveis, que podem não estar alinhados com o ano calendário.
Embora técnicos do BC divirjam do argumento do governo, por acreditarem que a inflação atual não tenha origem sazonal, a mudança resolveria o problema tanto do governo, incapaz de produzir medidas fiscais que abaixem a inflação, quanto do BC, cujo presidente ainda não atingiu o centro meta desde que assumiu, em fevereiro 2019.
Uma alternativa seria adotar um sistema de metas de inflação com referência móvel, em que a meta seria definida para um período móvel de 12 meses, em vez de um ano calendário. Isso permitiria que a meta fosse ajustada de forma mais flexível, levando em conta as variações sazonais e outras mudanças na economia.
Há, porém, condicionantes. A mudança exigiria ajustes na comunicação do Banco Central com o mercado e com a sociedade em geral, para garantir que as expectativas de inflação sejam bem ancoradas e que a transição para o novo sistema seja feita de forma suave e transparente.
Em resumo, o sistema de meta de inflação com referência ao ano calendário tem sido utilizado no Brasil, mas há uma discussão em andamento sobre a possibilidade de adotar um sistema com referência móvel, que leve em conta as variações sazonais e outras mudanças na economia.