Azul anuncia acordos para alongar 90% da dívida com arrendadores até 2030

Os arrendadores, que praticam uma modalidade de crédito também conhecida como “leasing” de aeronaves, representam 80% da dívida bruta nominal da companhia

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Por Gustavo Boldrini

A Azul anunciou acordos com arrendadores para prolongar mais de 90% do seu passivo de arrendamento, fortalecendo a geração de caixa e reduzindo os receios do mercado em relação à solvência da companhia, em meio ao cenário macroeconômico desafiador para companhias aéreas neste ano, segundo comunicado divulgado na noite de domingo.

A companhia aérea liderada pelo americano John Rodgerson disse que o acordo envolve redução dos pagamentos aos arrendadores, em troca da entrega a estes de uma combinação entre títulos de dívida negociáveis com vencimento em 2030 e ações.

Essas operações, segundo a companhia, serão precificadas “de forma a refletir a nova geração de caixa da Azul, sua melhor estrutura de capital e a redução em seu risco de crédito”. A aérea disse ainda que, através dessa estrutura, contemplará a entrega de 100% dos “valores previamente acordados” com os arrendadores de aeronaves.

O anúncio da Azul ocorre diante de rebaixamentos recentes da empresa e da rival Gol por agências de classificação de risco e em meio a um cenário de crescentes dificuldades de empresas em lidar com dívidas e passivos diante do cenário de juros altos e desaceleração da economia.

Segundo Alex Malfitani, diretor financeiro da Azul, os arrendadores, que praticam uma modalidade de crédito também conhecida como “leasing” de aeronaves, representam 80% da dívida bruta nominal da companhia.

Para o executivo, os acordos demonstram “um enorme sucesso” na abordagem da empresa aos arrendadores, que reconheceram que “apoiar a Azul é uma decisão empresarial inteligente que maximiza sua receita”, uma vez que a companhia não se desfez de nenhuma aeronave durante a crise da Covid-19 e ainda incluiu 12 novos aviões em sua frota.

O executivo reiterou que a empresa segue negociando com outros parceiros e arrendadores e está “muito otimista” em chegar a um acordo com todos eles.

A ação preferencial da Azul (AZUL4) derrete mais de 34% desde o início do ano, refletindo os receios de investidores em relação à trajetória de endividamento da companhia ao longo deste ano, com juros elevados e inflação de custos prejudicando a geração de caixa.

No mês passado, a Azul chegou a ter sua nota de crédito rebaixada pela agência de classificação de risco Fitch, justamente devido às dificuldades que a companhia enfrentaria para renegociar suas dívidas e a pressão de acordos de arrendamento sobre seu fluxo de caixa.