Por Juliana Machado e Gabriel Ponte
O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve ainda vê a inflação nos Estados Unidos “inaceitavelmente alta” e, diante disso, observa a possibilidade de realizar novos aumentos de juros no país. As informações constam na ata divulgada hoje, referente à última reunião da autoridade, ocorrida em julho, quando o juro americano foi elevado em 25 pontos-base.
Segundo o documento, o FOMC acredita que serão necessárias novas evidências para ter confiança de que os preços da economia estão em direção à meta de 2%, e a maioria dos participantes continua vendo riscos para a inflação. Além disso, a ata cita o mercado de trabalho resiliente como elemento para uma possível alta adicional de juros.
Por outro lado, o documento mostra que houve divergência entre os membros do comitê em relação à alta de juros promovida no mês passado, já que alguns dos participantes do FOMC indicaram estar confortáveis com a manutenção da taxa no mesmo patamar na ocasião.
“Um abrandamento gradual da atividade econômica parece estar em curso, o que é consistente com a restrição da demanda pelo efeito cumulativo do aperto monetário desde o início do ano passado e seus efeitos associados nas condições financeiras”, diz um trecho do documento.
Staff do Fed deixa de projetar risco de ‘recessão moderada’ no fim de 2023
O staff do Fed deixou de projetar o risco de uma “recessão moderada” nos Estados Unidos ao fim deste ano, após uma série de dados que apontam para a resiliência da atividade econômica, segundo a ata da decisão de juros de julho.
No entanto, de acordo com o documento, o Fed continua a projetar um crescimento abaixo da tendência para 2024 e 2025, fruto do potencial abrandamento da atividade econômica, o que resultaria em um ligeiro aumento da taxa de desemprego ante os níveis atuais.
Na decisão do mês passado, um número de participantes também apontou que, com os juros em níveis restritivos, os riscos para que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) alcance seus objetivos se tornaram “bilaterais”, sendo importante o equilíbrio para evitar o risco de elevar excessivamente os juros ou causar um aperto insuficiente.
Apesar disso, os participantes indicaram que o processo em curso de aperto monetário aparenta estar funcionando conforme pretendido, e a contínua desaceleração gradual da atividade ajuda a reduzir os desequilíbrios observados entre oferta e demanda na economia.
Ainda assim, os participantes disseram ser necessário um progresso adicional no equilíbrio entre oferta e demanda no mercado de trabalho, por meio de um abrandamento das condições do mercado laboral ao longo do tempo. As autoridades continuaram a observar um crescimento dos salários acima dos níveis consistentes com a meta média de inflação perseguida, de 2,0% no longo prazo.
Também no documento, os participantes apontaram para uma série de “sinais provisórios” que indicam um potencial alívio das pressões inflacionárias nos EUA, entre eles a redução nos preços de bens essenciais. Apesar disso, vários participantes apontaram que significativas pressões desinflacionárias ainda não foram observadas na inflação de serviços, excluindo habitação.
Por volta das 15h45, após a divulgação da ata, a maioria dos investidores continuava a projetar a manutenção dos juros na reunião do FOMC em setembro. De acordo com derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME), os investidores projetavam 88,5% de chances de juros inalterados, ante 90,0% ontem. Uma minoria, de 11,5%, projetava alta de 0,25 ponto percentual, ante 10,0% na terça-feira.