Por Juliana Machado
A Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada hoje, deixou explícito que não só há a possibilidade de se cortar juros na próxima reunião de agosto, como essa é a visão predominante entre os membros do grupo. A opinião é de Leonardo De Paoli, economista da Legacy Capital, em entrevista à Mover.
Para ele, a ata confirmou a percepção que a gestora, com cerca de R$20 bilhões sob gestão, já havia tido desde o comunicado da decisão, na semana passada. Na opinião da casa, o debate não é mais em relação a ter ou não uma redução da Selic, mas sobre a magnitude desse corte — ou seja, se será de 0,25 ponto percentual ou de 0,50 p.p..
Confira a seguir os principais pontos da entrevista.
DÚVIDAS DO MERCADO
A Ata ajudou a esclarecer a dúvida que havia ficado no mercado na semana passada após o comunicado: se o BC teria de fato sinalizado a possibilidade de já começar a fazer um ciclo de acomodação na reunião de agosto, ou se isso ainda seria uma possibilidade muito remota, dada a conjuntura atual de expectativas muito desancoradas.
A Ata deixa explícito que não só existe a possibilidade de se cortar juros na próxima reunião, como essa é a visão predominante dentro do comitê. O documento confirma uma percepção que já havíamos tido desde o comunicado da semana passada, de que a “altura da barra” em termos de melhora de cenário para o BC iniciar o ciclo de afrouxamento monetário em agosto é baixa – um cenário que, na nossa visão, será satisfeito com alguns eventos que tendem a ocorrer nos próximos dias e semanas.
REUNIÃO DO CMN
Na nossa visão, o Conselho Monetário Nacional (CMN) não irá alterar a meta de inflação do nível atual de 3,0% para os próximos anos, o que ajudará a ancorar um pouco mais as expectativas de mercado. Essa melhora, junto a um resultado qualitativo mais benigno, que já observamos na leitura de hoje do IPCA-15, ajudará a desacelerar as expectativas de inflação no horizonte relevante do BC, consolidando o corte de 0,25 p.p. na próxima reunião.
MAGNITUDE DO CORTE
A discussão para a próxima reunião do Copom não está entre o BC ficar parado ou dar um corte de 0,25 p.p., mas sim entre um corte de 0,25 p.p. ou 0,50 p.p..
Hoje, a probabilidade de observarmos um corte mais agressivo na primeira reunião ainda é baixa. A própria Ata mostra uma divergência entre os membros do Copom que já enxergam condições de se iniciar o ciclo e aqueles que preferem ter maior visibilidade do processo de desinflação e reancoragem das expectativas.
Dito isso, se observarmos uma melhoria contínua desse conjunto de variáveis relevantes, podemos ver o mercado, nas próximas semanas, voltando a acreditar em um corte de 0,50 p.p. na reunião de agosto.
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Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 13H23, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.