Por Patrícia Lara
O mercado local avaliará hoje a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária do Banco Central em busca de indícios que possam amenizar os atritos com o governo e o desconforto de parte dos investidores com a sinalização de que as autoridades não identificaram ainda razões para pavimentar uma queda da taxa básica Selic no curto prazo. O documento sai às 8h00, após o otimismo com a possibilidade de apresentação antecipada das novas regras fiscais ter dado alívio aos juros futuros e ao dólar ontem, além do impulso para a Bolsa brasileira.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue sem agenda de eventos públicos e em recuperação de uma pneumonia que motivou o cancelamento da viagem que faria para a China.
O clima externo tem um ambiente mais cauteloso hoje, após o sentimento mais positivo ontem ter dado sua contribuição para sustentar os ativos brasileiros. As bolsas europeias têm leve alta, com a expectativa de que a crise bancária foi contida, mas os futuros de Nova York operam sem direção definida, indicando uma interrupção da sequência de três sessões seguidas de alta do S&P500 e do Dow Jones, enquanto o Nasdaq futuro segue pressionado.
Hoje, o vice-presidente do banco central americano, Michael Barr, testemunhará perante o Comitê de Assuntos Bancários do Senado americano, às 11h00, e sua fala estará no radar. Ele deve afirmar a congressistas dos Estados Unidos que os reguladores financeiros estão comprometidos em reforçar que todos os depósitos bancários de norte-americanos estão seguros, e que as autoridades usarão suas ferramentas, caso necessário, para protegerem o sistema, informou a agência Reuters na véspera. O presidente da Corporação Federal Garantidora de Depósitos, a FDIC, Martin Gruenberg, também falará ao comitê.
Os comentários de Barr podem ainda ajustar a precificação de que haveria espaço para corte da taxa básica de juros americana já a partir de setembro, como mostram os derivativos, segundo cálculo da ferramenta FedWatch da Chicago Mercantile Exchange.
No mercado de câmbio, o Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de divisas pares, tem queda pelo segundo dia seguido com o ambiente ameno favorecendo busca por ativos mais arriscados. O mesmo espírito limita a demanda por títulos da dívida do Tesouro dos EUA, o que puxa para cima os rendimentos, que seguem sentido inverso ao dos preços.
A manhã também é de alta dos preços dos contratos futuros de petróleo Brent, que estendem o avanço de mais de 4% observado na véspera, após preocupações com a oferta diante da interrupção de algumas exportações da região de Curdistão, no Iraque.
O minério de ferro também prolongou a recuperação de preço na Bolsa chinesa de Dalian nesta madrugada, com alívio da apreensão sobre a crise bancária e o suporte da queda de estoques do metal nos portos do país, o que é lido como sinal de demanda resistente.
MERCADOS GLOBAIS
O futuro do petróleo Brent para entrega em maio avançava 0,87%, a US$78,78 o barril.
O contrato de ouro para entrega em abril subia 0,12%, a US$1.956 a onça-troy.
O minério de ferro fechou a sessão na China em alta de 1,8% na Bolsa de Dalian, a 882 iuanes, ou o equivalente a US$128,11 a tonelada.
O Bitcoin cedia 1,43% nas últimas 24 horas, a US$26.917; o Ethereum subia 0,33% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
O índice EWZ, que acompanha as ações brasileiras no exterior, subia 0,73% no pré-mercado americano.
Os contratos de juros futuros na B3 podem esticar o alívio da véspera a depender do rumo externo e das leituras da ata do Copom. O Tesouro Nacional faz hoje leilão de NTN-B para 2028, 2040 e 2060 e de LFT para 2026 e 2029.
DESTAQUES
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), disse ontem que, apesar de a decisão sobre a taxa Selic ser técnica, a ata e o comunicado do Copom têm força política, e por isso devem receber posicionamento do governo. Durante evento da Arko Advice, em São Paulo, a ministra disse que o Banco Central precisa tomar mais cuidado com as palavras. (Mover)
O Credit Suisse está promovendo dois executivos para co-liderar sua corretora – em resposta à saída de Mauro Oliveira, veterano com 29 anos de casa, que deixou o banco na sexta-feira. Daniel Carvalho, que está há 10 anos no CS e lidera a mesa de trading do wealth, e Haroldo Amaral, chefe da mesa institucional de equities, serão os co-heads da corretora. (Brazil Journal)
A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil projeta ultrapassar a concessão de 1 milhão de vistos no país em 2023, mesmo patamar registrado entre 2012 e 2014. O assessor especial para assuntos consulares da embaixada dos EUA, Michael Whipple, disse que o serviço consular pretende acelerar o processo e está ampliando a capacidade de atendimento para tentar uma diminuição da fila até as férias de julho. (O Globo)
Os EUA e o Japão assinarão um acordo comercial para minerais essenciais necessários a baterias de carros elétricos nesta terça-feira, enquanto Washington pressiona para reduzir sua dependência da cadeia de suprimentos da China. Os países pretendem se abster de impor tarifas de exportação ao lítio, cobalto, manganês, níquel e grafite. Eles também compartilharão informações sobre possíveis violações trabalhistas na cadeia de suprimentos. (Financial Times)
O diretor do Federal Reserve Philip Jefferson afirmou na véspera ser “importante” que o banco central americano saiba o que está ocorrendo no setor financeiro, em termos de risco. Ele também disse que a inflação nos EUA tem sido duradoura e permanece “muito alta”. (Reuters)
A Hapvida anunciou uma operação de sale & leaseback para levantar R$1,25 bilhão com a venda e posterior locação de 10 imóveis de propriedade da companhia, com o objetivo de fortalecer sua estrutura de capital e liquidez. A Hapvida também informou ter engajado bancos para estudar uma potencial oferta subsequente de ações, que conta com a promessa de um aporte de R$360 milhões por parte da família Pinheiro, controladora da empresa. (Mover)
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo freou na última segunda-feira o início do processo de privatização da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), anunciada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na virada do mês. A abertura dos envelopes para contratação de técnicos que farão os estudos estava marcada para esta terça-feira. (Folha)
O Alibaba planeja separar seus seis principais negócios em unidades independentes, enquanto o grupo de tecnologia chinês busca reforçar o preço de suas ações. (Financial Times)
AGENDA
Ata do Copom (Brasil) – O Banco Central brasileiro divulgará a ata da última reunião de decisão de juros do Comitê de Política Monetária. Divulgação: 08h00.
Balança Comercial (Estados Unidos) – O Escritório de Análises Econômicas americano divulgará a balança comercial de fevereiro. Divulgação: 09h30. Anterior: -US$91,5 bilhões.
Estoques no Atacado (EUA) – O Escritório de Censo americano divulgará os estoques no atacado de fevereiro. Divulgação: 09h30. Anterior: -0,3%. Consenso: -0,2%.
Leilão do Tesouro (Brasil) – O Tesouro Nacional brasileiro realizará leilão de Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) e de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-Bs). Horário: 10h30.
Sondagem Industrial (EUA) – O Federal Reserve de Richmond publicará sua Sondagem Industrial de fevereiro. Divulgação: 11h00. Anterior: -16 pontos. Consenso: -9 pontos.
Michael Barr (EUA) – O vice-presidente do Fed, Michael Barr, testemunhará perante o Comitê de Assuntos Bancários do Senado americano. Horário: 11h00.
Confiança do Consumidor (EUA) – O Conference Board americano divulgará o índice de confiança do consumidor de março. Divulgação: 11h00. Anterior: 102,9. Consenso: 101,0.
Leilão do Tesouro (EUA) – O Tesouro americano realizará leilão de Treasuries de cinco anos. Horário: 14h00.
API (EUA) – O American Petroleum Institute divulgará os estoques americanos de petróleo da semana encerrada em 24 de março. Divulgação: 17h30. Anterior: 3,26 milhões de barris.
Balanços (Brasil) – A Gol divulgará seus resultados do quarto trimestre de 2022 antes da abertura dos mercados brasileiros. A Ambipar, a Dasa, a Qualicorp e a Light publicarão os seus balanços após o fechamento.