Por Artur Horta
São Paulo, 19/1/2023 – A Americanas afirmou nesta quinta-feira que pode entrar com um pedido de recuperação judicial nas próximas horas e que o caixa disponível para suas atividades está em R$800 milhões, após o BTG Pactual conseguir na justiça congelar R$1,2 bilhão da conta da varejista no banco.
Em meio a uma das maiores crises da história corporativa brasileira, a administração da Americanas disse estar “trabalhando com a possibilidade de, nos próximos dias ou potencialmente nas próximas horas, aprovar o ajuizamento, em caráter de urgência, de pedido de recuperação judicial”, embora ainda não tenha decidido o assunto, segundo fato relevante.
Diante da decisão que apreciou o mandado de segurança do BTG Pactual e da ofensiva de outros bancos sobre a companhia, o caixa à disposição da Americanas caiu para R$800 milhões, “sendo que parcela significativa desse valor estava injustificadamente indisponível para movimentação na data de ontem”, disse um trecho do documento.
De acordo com o último balanço divulgado pela empresa, referente ao terceiro trimestre de 2022, os recursos em caixa e equivalentes somavam R$4,31 bilhões.
A centenária varejista de Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles afirmou ainda que vai recorrer da decisão judicial, “que fere seu esforço na busca por uma solução de curto prazo com os seus credores”, para manter seus compromissos sociais.
Desde que foram descobertas “inconsistências contábeis” da ordem de R$20 bilhões na companhia, as ações ordinárias da Americanas despencaram mais de 85% na B3, tendo encerrado o pregão de ontem cotadas a R$1,74.
Neste intervalo, agências de rating rebaixaram significativamente a nota de crédito da Americanas e colocaram sua perspectiva em revisão, tal qual fizeram analistas de ações. Enquanto isso, acionistas minoritários já começaram a se movimentar para processar a companhia no Brasil e nos Estados Unidos, bem como a PwC – empresa responsável por auditar os últimos balanços da Americanas – e o trio de acionistas de referência.
Fora do mercado de capitais, fornecedores já relataram um abalo nas relações comerciais com a empresa.