Por: Ana Luiza Serrão
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar possíveis fraudes contábeis na varejista Americanas (AMER3) divulgou hoje o seu plano de trabalho, que prevê a convocação do ex-CEO Sérgio Rial e de outros ex-diretores para esclarecimentos, além de membros das auditorias responsáveis pela análise e aprovação dos balanços da companhia.
Os ex-diretores Leonardo Coelho Pereira, Miguel Gutierrez, Anna Christina Ramos Saicali, José Timotheo de Barros, Marcio Cruz Meirelles, João Guerra, Camille Loyo Faria, Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes estão na lista de pessoas a serem ouvidas pela CPI.
Também serão chamados os presidentes das auditorias KMPG e Price Waterhouse Coopers (PWC), Charles Kriek e Fernando Alves; o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento; representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) e da B3, entre outros.
A CPI definiu uma reunião semanal para discutir os temas, preferencialmente nas terças-feiras às 14h30, com um prazo fixado de 120 dias para concluir os trabalhos, que encerraria em 28 de setembro, considerado o período de recesso do Congresso Nacional em julho.
O relator da CPI, deputado Carlos Chiodini (MDB), disse que episódios como o da Americanas afetam a credibilidade de todo o mercado de ações no Brasil, e defendeu que é de interesse público assegurar que investidores tenham certeza de que não serão prejudicados por qualquer tipo de fraude, erros ou acobertamentos em balanços sem que o Poder Público investigue e exponha eventuais responsáveis.
Em janeiro deste ano, a Americanas entrou em recuperação judicial após declarar inconsistências contábeis de R$20 bilhões e uma dívida de R$43 bilhões, virando alvo de investigações em meio a suspeitas de fraudes, que a companhia nega.
“Dada a dimensão das inconsistências contábeis na organização, analistas do mercado questionam como tamanho furo passou despercebido pelas auditorias responsáveis por analisar a saúde contábil da companhia”, afirmou Chiodini, ao abrir os trabalhos da CPI.
O plano de trabalho da CPI aponta para a investigação de duas hipóteses. A primeira envolve a possibilidade de imperícia na auditoria das demonstrações financeiras, e a segunda vai apurar se houve “maquiagem dos balanços” da companhia, com eventual participação dos auditores independentes contratados pela Americanas.