Por Reuters
A Airbus está aberta para vender uma participação na fabricante de helicópteros Helibras a um potencial parceiro estratégico depois de ter alcançado a propriedade total da empresa brasileira no início deste ano, disse o chefe da subsidiária à Reuters nesta segunda-feira.
A fabricante de aviões europeia, que controla a ex-estatal brasileira desde meados dos anos 2000, adquiriu os 15,5% restantes controlados pelo Estado de Minas Gerais em janeiro por 95 milhões de reais.
Esse, no entanto, não era o plano inicial da Airbus Helicopters, disse o presidente da Helibras, Alberto Duek, em sua primeira entrevista à mídia desde que assumiu o cargo em julho.
O movimento, observou, estava mais relacionado aos próprios objetivos de privatização do governo mineiro, que levaram o Estado a buscar um comprador para sua participação na empresa, líder de mercado no país e única fabricante de helicópteros no Hemisfério Sul.
“Na verdade não foi interesse nosso em comprar, mas interesse do governo de Minas Gerais de privatizar. A Airbus estava muito contente com o governo de Minas no capital da Helibras”, disse Duek. “Mas mediante o risco de que alguma empresa aventureira pudesse entrar no nosso capital e, vamos dizer assim, atrapalhar o nosso business, nós nos sentimos obrigados a comprar essa parte do governo de Minas Gerais.”
“Isso não quer dizer que se aparecer algum parceiro confiável a Airbus não estaria aberta a vender essas ações. É lógico, tem que aparecer o parceiro certo, confiável, na hora certa, e a cada proposta a gente pode analisar.”
Ele não revelou se a Airbus estava no mercado procurando ativamente por um parceiro estratégico, mas disse que qualquer concorrente em potencial terá que compartilhar os princípios de conformidade da Airbus, a reputação de mercado e somar aos esforços da Helibras.
A Helibras, que participará esta semana do evento aéreo da Labace em São Paulo, vendeu um recorde de 50 helicópteros em 2022, uma carteira de pedidos que Duek descreveu como positiva, mas desafiadora, já que o setor continua enfrentando restrições na cadeia de suprimentos.
O executivo disse que essas questões, que remontam à pandemia do Covid-19, ainda não ficaram no passado. Ele espera mais um ano e meio ou dois antes que a situação se normalize.
Duek disse que, após um forte desempenho no ano passado, o mercado de helicópteros enfrentou uma desaceleração no primeiro semestre de 2023, mas vem recuperando o fôlego e enfrenta um segundo semestre positivo.
“A gente aceita todos os desafios, mas também temos que ser realistas. O primeiro semestre começou um pouco mais lento. É difícil bater o recorde de 50 aeronaves, mas estamos com uma perspectiva de fazer um ano muito bom”, afirmou.
A Helibras vende helicópteros tanto para clientes privados quanto para o setor público. Também tem investido em exportações, que atualmente respondem por 20% da produção da empresa, disse Duek. A empresa possui clientes em países como Chile, Equador, Argentina e Bolívia.