Por Bruno Andrade
As ações da JBS (JBSS3) disparavam na abertura desta quarta-feira (12) após a empresa anunciar que fará o processo de dupla listagem e passará a ter ações no Brasil e nos Estados Unidos (EUA). Por volta das 10h39, os ativos subiam 8,41%, a R$ 18,69.
A intenção da proposta é gerar valor para o acionista via aumento do preço dos papéis, que hoje são negociados a múltiplos abaixo da rival Tyson Foods e da Pilgrim’s Pride, a última é controlada pela própria JBS.
Para CFO da companhia, Guilherme Cavalcanti, a ação da empresa pode mais que dobrar se eles capturarem o valor do múltiplo da Pilgrim’s. Ele disse que o múltiplo da companhia é de 5,9 vezes (considerando o valor da empresa/Ebitda), enquanto a Pilgrim’s tem múltiplo de 9,3 vezes, e a concorrente nos EUA Tyson Foods conta com 11,5 vezes.
“O nosso é menor até mesmo que o da Pilgrim’s… se a gente conseguir capturar o múltiplo da Pilgrim’s, o nosso equity, o valor da ação, poderia mais que dobrar. E se conseguirmos capturar o múltiplo Tyson, tem potencial mais que triplicar”, ressaltou Cavalcanti.
Na visão do analista de ações do TC Matrix, Vinicius Steniski, esse cenário é valido e, por isso, as ações sobem forte nesta quarta-feira. “É um cenário possível, pois as empresas na bolsa americana são melhor precificadas”, disse Steniski.
No entanto, ele pondera que somente o tempo e o mercado é que vão dizer se a empresa merece essa alta significativa no valor dos ativos. “Isso vai depender do mercado, caso ele considere positivo, as ações tendem a se valorizar e o investidor se beneficiaria por isso”, explicou.
Além disso, ele comenta que a dupla listagem não muda a composição acionária. O único ponto que o investidor brasileiro terá de diferença é que ao invés de possuir uma ação da JBS, ele terá a BDR (Brazilian Depositary Receipts) da empresa, que dá os mesmo poderes da ação atual.
Já Milena Araújo, especialista em investimento da Nexgen Capital, comenta que o acesso ao mercado americano tende a facilitar a vida da empresa para conseguir financiar seus novo projetos. “A companhia quer expandir suas operações na Europa, e com acesso a bolsa de valores dos EUA, esse plano fica muito mais viável”, afirmou.
Investidor deve comprar as ações da JBS?
Mesmo com a possibilidade da empresa gerar valor para o acionista, Vinicius Steniski, do TC, acredita que o melhor é o investidor evitar as ações se não tiver um forte apetite ao risco. Ele enxerga que a empresa está em uma situação negativa por causa do cenário de consumo de proteína animal.
“Acreditamos que o momento atual é um pouco negativo e por isso preferimos outras opções no setor com um cenário mais claro”, explicou Steniski.
Por outro lado, ele comenta que o resultado do segundo trimestre de 2023 pode apresentar uma melhora nas margens e receitas por conta da queda no preço de grãos, disponibilidade de animais para abate no Brasil e ajustes nos estoques de algumas proteínas.
“Um ponto importante é ficar de olho na alavancagem da companhia, que pode subir um pouco em relação a sua última divulgação, considerando que houve e poderá existir pagamento de dividendos em um total de mais de R$4 bilhões”, disse Steniski.
Sendo assim, o especialista possui recomendação neutra com preço-alvo de R$ 23 para os papéis da JBS, alta de 33,4% na comparação com o fechamento de terça-feira (11).