Por Luca Boni e Fabricio Julião
Os principais índices acionários em Wall Street operam sem direção definida, com investidores cautelosos à espera da decisão de juros pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) e para o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Agentes de mercado também reagem aos últimos balanços de grandes empresas de tecnologia.
Perto das 12h00, o Dow Jones avançava 0,05%, enquanto o S&P500 e o Nasdaq 100 recuavam 0,30% e 0,68%, nessa ordem. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos operavam em queda de 0,7 ponto-base, a 3,881%, e os de dois anos — mais sensíveis à política monetária — tinham alta de 1,0 ponto-base, a 4,889%.
A atenção dos investidores está voltada principalmente para a decisão de juros nos EUA, que ocorrerá às 15h. Na sequência, o presidente da autoridade, Jerome Powell, comenta a decisão e deve dar indícios sobre os rumos da condução da política monetária.
O mercado precifica que o Fed aumentará a taxa em 25 pontos-base, para o intervalo entre 5,25% e 5,75%, o nível mais alto em 22 anos. Após a reunião de julho, parte do mercado espera que o Fed pause o ciclo de aperto, apesar de a reunião de novembro ainda estar aberta para uma nova alta de 25 pbs.
“Há boas chances da tese do ‘soft landing’ [desaceleração na economia sem gerar uma recessão] se materializar em 2023. Nosso modelo de ciclo econômico utilizando ‘soft’ e ‘hard data’ registrou queda nas probabilidades de contração econômica desde o último comitê”, disse o estrategista-chefe da Guide Investimentos, Alex Lima.
Ontem, após o fechamento da sessão, a Alphabet, controladora do Google, divulgou seus resultados referentes ao segundo trimestre, que mostraram um aumento de mais de 6% em sua receita de computação em nuvem, acima das expectativas do mercado. Por outro lado, a Microsoft informou uma desaceleração no crescimento de suas receitas. As ações da Alphabet negociadas na Nasdaq saltam 5,48%, enquanto as da Microsoft recuam 4,33%.
Após o fechamento do mercado, agentes financeiros aguardam os resultados da Meta no segundo trimestre. Segundo o consenso da Refinitiv, investidores esperam lucro por ação de US$2,91 e uma receita de US$31,12 bilhões.
IBOVESPA
O Ibovespa opera sem direção definida nesta quarta-feira, em linha com os mercados no exterior, à espera da decisão de juros pelo FOMC nos Estados Unidos. Investidores também digerem a elevação do rating do Brasil pela Fitch, enquanto o índice é pressionado, na outra ponta, pelas ações da Vale, da Petrobras e dos bancos.
Por volta das 12h00, o Ibovespa operava em leve queda de 0,19% aos 121.768 pontos. O volume de negócios projetado para hoje é de R$15,6 bilhões, abaixo da média de 50 pregões.
Mais cedo, a agência de classificação de risco Fitch Ratings elevou a nota do Brasil de “BB-” para “BB”, com perspectiva estável, refletindo o bom desempenho macroeconômico e fiscal do país – uma notícia positiva para ativos de risco brasileiros em geral.
No âmbito corporativo, as ON da Vale passam por um ajuste, em queda de 0,87%. Investidores aguardam a divulgação, amanhã, do resultado referente ao segundo trimestre da mineradora, com expectativa de crescimento do lucro, segundo o TC Consenso.
Mais cedo a empresa australiana Rio Tinto, maior produtora de minério de ferro do mundo e concorrente da Vale, registrou uma queda nos seus lucros, decepcionando as expectativas do mercado.
As ON e PN da Petrobras caíam 1,01% e 0,68%, na mesma ordem, em linha com a desvalorização do petróleo Brent, que recua em movimento de ajuste, após quatro altas consecutivas. Investidores também aguardam a divulgação do relatório de produção da estatal hoje, após o fechamento do pregão.
Na ponta oposta, entre as maiores altas percentuais até aqui estão as ON do Carrefour, da Copel e da Méliuz, que sobem 7,04%, 4,71% e 4,52%, respectivamente.
As ações do Carrefour saltam na sessão após a companhia ter divulgado ontem o balanço do segundo trimestre acima das expectativas. O prejuízo líquido foi de R$249 milhões, enquanto o resultado ajustado mostrou lucro de R$29 milhões, ante consenso de analistas que apontava para perdas de R$29 milhões.
JUROS
As taxas de contratos dos juros futuros operam sem direção definida, oscilando perto da estabilidade. Os vértices curtos seguem em leve queda, na esteira do desempenho de baixa das últimas sessões, enquanto os longos subiam levemente.
Por volta das 12h00, os DIs com vencimentos em Jan/24 e Jan/25 recuavam 2,5 pontos-base e 3,0 pb, respectivamente, a 12,61% e 10,60%. Já os DIs com vencimentos em Jan/31 e Jan/33 subiam 1,0 ponto-base e 2,0 pbs, nessa ordem, a 10,76% e 10,86%.
A curva abriu em queda pela quarta sessão consecutiva, impactada pela elevação da nota de crédito do Brasil pela Fitch Ratings de “BB-” para “BB”. O comunicado da agência de classificação de risco ocorre semanas depois que a S&P Global elevou a perspectiva para o país de “estável” para “positiva”.
No entanto, os movimentos dos DIs são limitados pelo compasso de espera do investidor para a decisão do novo patamar de juros nos Estados Unidos e, principalmente, para os comentários de Jerome Powell na sequência.
A expectativa em torno do comunicado ocorre em razão da busca pela antecipação dos próximos passos do Fed. Parte do mercado espera que o aperto monetário seja encerrado depois da decisão de hoje, enquanto outra ala acredita que há espaço para mais uma alta residual na reunião do FOMC de novembro.
CÂMBIO
O dólar tinha queda diante do real nesta quarta-feira, em dia de valorização das moedas de países emergentes. O real era beneficiado pela melhora na nota de crédito do Brasil pela Fitch Ratings, o que tende a atrair investidores para o país.
Perto das 12h00, o dólar à vista recuava 0,45%, a R$4,7292, enquanto o dólar futuro tinha queda de 0,47%, a R$4,732.
A moeda brasileira figurava entre as maiores apreciações até o momento, junto do peso mexicano e do iene japonês. Em uma cesta de 22 divisas acompanhada pela Mover, o dólar se depreciava frente a 12. O Índice DXY caía 0,10%, aos 101.197 pontos, corrigindo levemente as recentes altas registradas.
Caso o Fed adote um tom mais leve no comunicado de hoje, sinalizando que seguirá uma política monetária menos restritiva, o dólar deve acentuar a queda frente ao real. Isso porque o fim do aperto monetário nos EUA favorece a entrada de fluxo de capital no Brasil, com o diferencial de juros alto.
Por outro lado, se a postura de Powell se apresentar mais rígida, a taxa de câmbio pode chegar a reverter o movimento, com aumento nas apostas de mais uma elevação na taxa de juros americana até o fim do ano.