Por: Gabriel Ponte
Brasília, 6/2/2024 – O desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre dá sinais de que pode “surpreender para cima”, afirmou o presidente do Banco Central, Campos Neto, nesta terça-feira, citando dados de alta frequência seguidos pela autarquia.
Em geral, os resultados do PIB têm ficado acima das estimativas iniciais mais recentemente, e Campos Neto comentou que é preciso observar mais a fundo efeitos acumulados de reformas do passado e transferências de renda sobre o crescimento. Ele participou, nesta manhã, do CEO Conference 2024, promovido pelo BTG Pactual.
No evento, Campos Neto também disse que o BC quer encerrar o processo de alívio monetário da forma “mais estável possível”, e no “menor nível possível”, de forma que o processo seja “o menos doloroso para as pessoas e para a sociedade”.
A afirmação vem após meses de pressão de membros do governo por uma redução mais acelerada dos juros. Embora as críticas tenham amenizado mais recentemente, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chegou a afirmar que Campos Nego “joga contra a economia”, e pediu “mais sensibilidade” e “humildade” ao dirigente do BC.
Apesar das sinalizações quanto à preocupação social, o chefe do BC reiterou que a missão da autarquia é controlar a inflação. “Queremos fazê-la com o mínimo de danos ao crescimento e no tecido social”.
Ele também disse “ser importante” insistir no cumprimento das metas fiscais. No mercado de câmbio, Campos pontuou que a volatilidade do real “está abaixo da média”, com a moeda se comportando bem.
EVOLUÇÃO DE PREÇOS
É difícil pensar em uma convergência da inflação local para a meta sem uma desinflação dos preços de serviços, avaliou Campos Neto.
Comentando sobre a dinâmica inflacionária, ele também apontou que, no geral, os núcleos de preços em mercados emergentes estão mais baixos do que o padrão histórico.
Também em sua visão, a leitura de inflação no Brasil vem recuando conforme esperado, embora o núcleo de serviços encontre-se “marginalmente pior”. De acordo com ele, o mercado de trabalho encontra-se bastante apertado.
Já segundo Campos, nos mercados desenvolvidos, ainda que haja uma desinflação nos núcleos e inflações cheias, eles ainda se encontram acima de padrões históricos.
Especificamente sobre os Estados Unidos, Campos Neto reconheceu haver uma “reprecificação” sobre a velocidade do alívio monetário a ser conduzido pelo Federal Reserve neste ano.
Ele também citou os fortes dados que a atividade econômica americana tem reportado, o que endossa a visão de que o Fed poderá encontrar mais conforto em ser “cauteloso” ao proceder com uma potencial reversão da política monetária.
(GP | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)