Ibovespa fecha em queda com desvalorização de commodities e tom duro do Copom

O Ibovespa encerrou em queda de 1,72%, aos 110.140 pontos. A desvalorização das ações ordinárias da Vale à tarde fizeram o índice perder o patamar dos 110 mil pontos

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Por: Luca Boni e Gabriel Ponte

O Ibovespa fechou a sessão desta quinta-feira em queda, em meio à forte desvalorização das commodities nos mercados globais, e com a repercussão do tom mais duro adotado pelo Banco Central após a decisão de juros de ontem, o que sugere que a taxa Selic deve permanecer em patamar elevado por mais tempo e que as expectativas de inflação pioraram nos horizontes mais longos.

O índice Bovespa encerrou em queda de 1,72%, aos 110.140 pontos. O Ibovespa tocou a máxima intradiária às 10h35, aos 112.943 pontos, porém, a desvalorização das ações ordinárias da Vale à tarde fizeram o índice perder o patamar dos 110 mil pontos.

As ordinárias da mineradora e as preferenciais e ordinárias da Petrobras recuaram 4,62%, 4,63% e 4,74%, respectivamente, e tiraram cerca de 1.360 pontos do índice. O mau desempenho foi causado pela queda de 3,33% do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian nesta madrugada, e do petróleo Brent, que caía 0,91% por volta das 18h30, cotado a US$82 o barril.

As ordinárias da CSN recuaram 5,46%, as preferenciais tipo A da Usiminas, 5,95%, e as preferenciais da Gerdau, 4,51%. O Índice de Materiais Básicos derreteu 4,45%.

As ordinárias da Light tombaram 5,49%, após a divulgação da contratação de uma assessoria para apoiar uma reestruturação financeira, em um momento de preocupações no mercado de crédito devido à crise da Americanas. A Fitch rebaixou hoje a classificação da Light de “BB-” para “CCC+”, o que significa que ela é considerada “extremamente especulativa”.

Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 13,75%, confirmando a orientação da reunião anterior e em linha com as expectativas. Investidores repercutiram hoje o comunicado mais duro do comitê, que alertou novamente para uma conjuntura “particularmente incerta” no quadro fiscal e destacou que os próximos passos da política monetária poderão ser ajustados. O Copom informou que não hesitará em retomar o ciclo de alta da Selic, caso a inflação não mostre sinais de arrefecimento no país.

O dólar futuro encerrou em queda de 0,17% na B3, a R$5,072, mas chegou a atingir R$4,963, o menor nível desde junho de 2022. Segundo o head da mesa de renda variável da AVG Capital, Apolo Duarte, a manutenção da Selic e a possibilidade de adiar ainda mais o corte dos juros beneficia o real em relação a outras moedas.

Amanhã, investidores esperam a divulgação da Produção Industrial de dezembro e de 2022, além dos Índices de Gerentes de Compras (PMIs) de Serviços e Global de janeiro.

(Colaboração de Giovanni Porfírio)