Buscador de tudo, Google agora também vai atrás de quem lava dinheiro

Sistema de inteligência artificial já é usado pelo Bradesco

Unsplash
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Por Erick Matheus Nery

Se você precisa encontrar algo na internet, “dar um Google”, provavelmente receberá a resposta desejada. E, por trás dos holofotes das principais marcas da Alphabet (holding que controla a companhia digital), existe um trabalho direcionado ao setor financeiro, inclusive com uma tecnologia que identifica a prática de lavagem de dinheiro.

Essa solução foi lançada em junho deste ano e usa inteligência artificial para ajudar as instituições financeiras a detectarem essa prática criminosa de forma mais eficaz e eficiente. Bancos como o HSBC e o Bradesco já utilizam esse sistema internamente.

“Basicamente, pegamos um modelo [de IA] e treinamos ele junto com algumas instituições financeiras para que ele saiba detectar fraudes mais facilmente. Hoje, esse modelo está disponível para qualquer instituição financeira, que irá retreinar esse modelo com seus dados internos”, explica Marcos Cavinato, head de Segurança e Compliance do Google Cloud para a América Latina, ao Faria Lima Journal (FLJ).

As estimativas apontam que a lavagem de dinheiro movimenta cifras entre 2% a 5% do PIB global, ou seja, de até US$ 2 trilhões anualmente. Essa prática decorre de crimes, como tráfico de drogas, terrorismo e sonegação fiscal, o que desperta preocupação tanto nos agentes públicos como nas empresas.

Contudo, engana-se quem pensa que a tecnologia serve apenas para os endinheirados. No Brasil, o Google possui uma atuação conjunta com a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) para iniciativas que atendam diretamente o consumidor final. 

Regina Chamma, diretora de parcerias do Google Play, detalha ao FLJ que esse movimento de aproximação da gigante da tecnologia com o sistema financeiro brasileiro começou há quatro anos.

“Hoje conseguimos atuar rapidamente para prevenir qualquer ação, ataque via aplicativo. Então, conseguimos diminuir praticamente a zero o número de aplicativos falsos, apps com malware da área financeira”, destaca a executiva.

Para que essa iniciativa saísse do papel, foi necessária uma “linha direta” das equipes de tecnologia dos bancos brasileiros com os especialistas internacionais do Google. “Esses times estão vendo todo dia os novos tipos de malware, phishing. Quando detectam algo, mandam direto para esses especialistas”, complementa Chamma.

Marcos Cavinato e Regina Chamma (Divulgação/Google)

DE OLHO EM BRASÍLIA TAMBÉM

Essa aproximação junto ao setor financeiro também ocorre de forma institucional, sendo esse um dos motivos para a vinda ao Brasil do vice-presidente global de Engenharia em Privacidade, Proteção e Segurança do Google, Royal Hansen.

À reportagem, o executivo recorda que trabalhou durante duas décadas com segurança cibernética em serviços financeiros antes de ingressar no Google. E, durante sua jornada no Brasil, teve encontros com autoridades em Brasília para discutir essa temática.

“O Brasil deu um salto em muitos aspectos nos últimos anos. Nos Estados Unidos, nós também estamos vivenciando mudanças e, por causa disso, estamos nos deparando com uma nova geração de fraudes e crimes cibernéticos”, afirma Hansen, que adianta: 

“Não estamos apenas investindo em experiência para resolver esses problemas com a indústria brasileira de serviços financeiros, mas também queremos exportar isso de volta para outros países que enfrentarão essas mesmas dificuldades”.

“Por isso, acredito que temos um ciclo muito poderoso, se unirmos forças, como plataformas da indústria e da sociedade civil, acredito que esta é uma área para fazer muito mais juntos”, finaliza.